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01/09/2010

Concorrência das praias rouba passageiros ao 'Azeitona'

A ideia de lançar um comboio turístico para percorrer as ruas e o património de Azeitão gerou enorme expectativa naquelas freguesias históricas de Setúbal. Da população residente aos visitantes. Todos aplaudem o Azeitona, e até há quem venha à janela assistir ao serpentear das duas carruagens pelas estreitas artérias da vila. O problema é que novo transporte viaja quase sempre sem passageiros.


Depois de mais de uma hora "às moscas", em viagem pela terra, eis que chegam, finalmente, os primeiros clientes à paragem localizada na Praça da República. São os quatro de Azeitão. Beatriz, Madalena e Rita, de 14 anos, e Duarte, de apenas 11. O entusiasmo em torno da viagem que vai começar em breve é grande e não é a tarifa de quatro euros que os desmobiliza daquele passeio, encarado como se de uma aventura se tratasse.

"Podemos sair onde quisermos e esperar pela próxima passagem do comboio, não é?", confirmava uma das menores junto da motorista de serviço, que respondia afirmativamente. "Já agora, pode esperar mais uns minutos por uma amiga nossa que está a chegar? Ela faz hoje 14 anos", insistia a jovem. "Claro que espero, estejam à vontade", esclarecia a profissional.

Já acomodado na carruagem traseira, o grupo explicava que, apesar de conhecer bem os vários recantos da terra, haverá sempre "mais qualquer coisa de Azeitão que pode estar por descobrir", justificava Beatriz, a única repetente no passeio, admitindo que o comboio funciona como uma espécie de carrossel a tempo inteiro, "capaz de animar e distrair as pessoas que não têm nada para fazer."

O comboio lá partiu rumo à Quinta Velha, onde funciona o Museu do Queijo de Azeitão. Do interior das viaturas que com ele se cruzam há quem acene, quem buzine e até quem pare para tirar fotografias.

"É uma novidade numa terra onde há muito pouco para fazer", justificava Carla Silva, uma moradora de Vila Nogueira de Azeitão, que experimentou o transporte logo na sessão inaugural, que decorreu na terça-feira, admitindo que só em Setembro vai voltar a andar. "Estou à espera que os meus netos regressem das férias para lhes fazer a surpresa."

Mas, afinal, porque é que meia hora depois os quatro jovens continuavam a ser os únicos utentes do novo serviço disponibilizado pelos Transportes Sul do Tejo (TST) em parceria com a Câmara de Setúbal? Alberto Marques, um dos moradores, explica que "o preço dos bilhetes afasta as pessoas, e os turistas que aqui temos são muito poucos. Querem é praia", alerta. No entanto, fonte dos TST diz que ainda é cedo para começar a tirar conclusões, revelando que, até ao momento, continua a funcionar o factor curiosidade, pelo que só no final de Setembro, quando termina o pro- jecto, será feita uma avaliação.

Os quatro euros dão apenas para meio dia, funcionando o comboio entre as 09.00 e as 12.30, e das 14.30 às 18.00. As partidas são feitas a cada meia hora na paragem dos TST na Praça da República e, segundo o itinerário estabelecido, o Museu do Queijo é o primeiro ponto de paragem, seguindo a viatura para o Palácio da Bacalhôa, onde pode apreciar-se a centenária azulejaria.

Depois, há para ver a Igreja de São Simão, a São Simão Arte e Faianças, a Bacalhôa Vinhos, a Fonte dos Pasmados, as Caves José Maria da Fonseca, a Igreja de S. Lourenço e a Capela de S. Marcos, com regresso ao ponto original.

Os utentes estão autorizados a descer em qualquer das paragens para fazerem as visitas, aguardando pela próxima passagem do comboio turístico.

por ROBERTO DORES – In Diário de Noticias

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